Sentada no banco da estação enquanto aguardo o trem chegar,
as nuvens escondem o sol e o frio que existe dentro de algumas
pessoas parece ter se exteriorizado para o lado de cá, e
embora muitas pessoas reclamem da mesmice da rotina, tenho
pra mim que a minha nunca é absolutamente igual, ao contrário
do que muitos dizem não costumo a me distrair com nada,
na verdade me distraio com tudo! Nesse mundão de meu
Deus, tem sempre alguém para observar, entre uma estação
e outra, um café, um esbarrão a transferência para o
metrô, quase sem perceber e naturalmente lá estou
eu presa a simples gestos criando histórias, imaginando
vidas, lutando para encontrar a rara singularidade de cada
ser, essa singularidade que a vida,sistema,circunstâncias ou seja
lá o quê! Insiste em nos tirar. Graças a Deus por isso, meus dias
nunca são iguais, no silencioso observar tenho percebido o que
ninguém (ou quase ninguém) percebe, e nessas pequenas gotas de
singularidade, volto a acreditar nas pessoas, nos sonhos, na
bondade,no amor. Eu que passei a vida inteira acreditando que
só podia se abraçar com os braços e beijar com os lábios, à pouco
percebi que algumas pessoas, às mais sinceras de alma, conseguem
abraçar através de um olhar, beijar através de uma palavra, abraçar de
novo através de um gesto e trazer a vida de volta, e esses são tão mais reais
e fortes do que os ‘tradicionais’ pois mesmo não sendo visíveis, carregam em
si uma força capaz de invadir a essência do homem. Por essas coisas não
desisto,sou teimosa, quero encontrar na singularidade de cada pessoa a
esperança de dias melhores, sigo assim silenciosamente,fazendo
descobertas estrondosas dentro de mim.
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